Panera

A crise actual, bem como as anteriores – e provavelmente seguintes – provêm do excesso de liquidez ao nível mundial. Nos últimos 20 anos, os países emergentes e os países produtores de petróleo constituíram excedentes comerciais, que deveriam ter levado a uma forte apreciação das suas moedas face ao dólar. Para evitarem esta valorização, constituíram reservas de câmbios, ou seja liquidez. Nos anos 2000, este excesso de liquidez ao nível mundial foi alimentado pelo endividamento dos lares, que evolui em todos os países da OCDE. O excesso de liquidez gerou uma crise “movente” e cada vez mais grave, sendo investido sucessivamente no imobiliário nos anos 90, nas novas tecnologias no início dos anos 2000, e, de 2002 a 2007, no financiamento do imobiliário.
      A principal causa da crise que se está a atravessar neste momento foi, sem dúvida, a crise do crédito à habitação nos EUA que provocou uma subida em flecha do crédito malparado nos EUA ou o recurso a instrumentos financeiros duvidosos. Com efeito, há cerca de dois anos, neste país, começaram os créditos hipotecários a ficar com cobrança incerta, devido às dificuldades económicas diversas que as classes média e trabalhadora vêm experimentando desde há sete anos. Os bancos e corretores de hipotecas ganhavam uma percentagem do volume de hipotecas que titularizavam, e os bancos ganhavam por sua vez grandes margens pela titularização das hipotecas, vendendo-as nos mercados de capitais. Os investidores procuravam estes produtos derivados, complexos e arriscados, porque eram considerados de elevada notação, rating, – frequentemente AAA –, dada pelos organismos de avaliação de crédito. Estes títulos permitiram rentabilidades mais elevadas do que outros títulos sobre empresas de notação equivalente ...
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